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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O BULLYING NA ESCOLA

M.R. - onze anos, não fala com a fluência da idade que tem. A fala é extremamente infantilizada como se fosse uma criança de cinco anos.  M. é rejeitada pelas crianças da sua classe e sofre constantes bullyings.

A anamnese* indicou que o não desenvolvimento normal da linguagem é parte de um quadro provocado pela mãe que trata a criança como se fosse um bebê, falando com ela de forma infantilizada.

            Jaime Zorzi e Simone Hage no Protocolo de Observação Comportamental afirmam que o meio social (escola, família) interfere significativamente na produção da linguagem. (...) Uma criança com sete anos já demonstra habilidade para usar a linguagem. Com 11 anos é capaz de compreender e descrever verbalmente o sentido das metáforas e compreender o humor das piadas.

            Pode-se afirmar então, que aos 11 anos a criança já está ingressando em outro estágio e a fase do bebê já ficou bem distante da vida dela.

No caso de M. o estímulo familiar equivocado, da mãe especificamente, não contribuiu para o desenvolvimento normal da linguagem dessa criança. E as consequências negativas são evidentes. Na escola, M. passou a conviver com o deboche dos coleguinhas, do tipo: “Você não sabe falar direito”. “Você fala como um bebê”. Essas críticas foram agravadas pela rejeição. M. não participa das brincadeiras  e é deixada de lado porque fala como um bebê.

O bullying dos coleguinhas fez com que essa criança se tornasse uma pessoa extremamente introvertida, que fala pouco, não brinca, não participa e fica fechada em si mesma.


Em terapia fonoaudiológica é preciso trabalhar essa criança, mostrando a ela que pode e consegue falar certo. E principalmente que ela não é um bebê, é grande como os outros da classe. Apenas tem uma dificuldade pouco maior do que os outros colegas.

Quando o problema vem de casa, é preciso alertar aos próprios pais que estão prejudicando o desenvolvimento dessa criança, que não estão dando assessoria de acordo com a idade que ela tem. 

No caso de M. a mãe a trata como um bebê, não mostra que ela tem onze anos e sim muito menos, então a postura da criança também será de menos idade.  Então, é a hora de mudar, porque um estímulo correto contribui decisivamente na aquisição e no desenvolvimento da linguagem.

*Anamnese = entrevista realizada pelo profissional de saúde a seu paciente para obter um diagnóstico. Referência Bibliográfica: PROC - Protocolo de Observação Comportamental- 2004 de Jaime Luiz  Zorzi e Simone R.V. Hage p.63







segunda-feira, 10 de novembro de 2014

“O MELHOR PARA A MELHOR IDADE” - na Trianon

PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA “O MELHOR PARA A MELHOR IDADE”  -
RÁDIO TRIANON – AM 740 EM 25 DE AGOSTO DE 2014 DAS 11H00 ÀS 12H00
APRESENTAÇÃO: LUCAS NETO
PRODUÇÃO: JOSÉ ISAIAS

Tópicos da entrevista com Juliana Rech, fonoaudióloga -

Lucas – Na terceira idade, quais são os problemas mais comuns que exigem a intervenção de um fonoaudiólogo?

Juliana – .....  aparecem bastante pacientes, na terceira idade, com perda de audição que é por conta da idade e que chamamos de presbiacusia, que é o deterioramento da audição.  Eu acho bastante interessante que as pessoas tenham consciência  disso e procurem empresas especializadas nisso e coloquem aparelhos para que cheguem próximo à audição normal, para que não percam muito as informações e não fiquem numa situação perigosa, como por exemplo não ouvirem um carro aproximando.  É difícil a aceitação do próprio paciente, mas é legal que comecem a se perceber um pouco.
Outra coisa eu aparece muito no consultório é o enfraquecimento da voz. Com a idade vai ocorrendo a flacidez muscular na prega vocal, porque a prega vocal é um músculo e também tem flacidez como no resto do corpo.  Então, se faz exercícios para conseguir manter  um pouco mais daquela força e deixar a voz mais ativa. Por isso na maioria dos idosos a voz é mais fraca, ou mais rouca, ou tem um pouco de soprosidade.  Isso incomoda alguns idosos, não todos.
Outra coisa que aparece bastante e que envolve a terceira idade, são os casos de AVCs . Quando a pessoa conclui o AVC  (Acidente Vascular Cerebral) geralmente ficam sequelas, como por exemplo, não engole, não consegue ter uma deglutição perfeita, tem uma alteração que é o que chamamos de disfagia na área da Fonoaudiologia, e aí temos que trabalhar a musculatura facial, da boca, da língua, da bochecha, para fortalecer novamente, para que  consiga ter novamente uma alimentação via oral.



Lucas -  Eu sempre defendo o trabalho preventivo. Você falou do enfraquecimento da voz.  Quem está se aproximando da terceira idade, a partir de que idade deveria procurar um fonoaudiólogo? Qual é a recomendação preventiva?

Juliana – É interessante que a partir dos 40 anos comece a procurar para fazer exercícios, brincar um pouco com a voz e conhecer a sua voz.  Apesar de que, eu acho, como especialista em voz, que trabalharia a vida inteira. É manter uma rotina, como fazer caminhadas.

Lucas – Hoje, é muito comum, depois de um implante, a necessidade da Fonoaudiologia. É quase obrigatória, porque muda tudo dentro da boca.

Juliana – Muda, muda a musculatura. A sua musculatura perde um pouco, ela não sabe muito bem  o que fazer. Antes tinha uma dentição, aí retira a dentição,  outros nem tem a dentição e já tem a flacidez muscular normal porque não trabalha muito a boca.  E no caso do implante tem  que reestruturar novamente tanto a musculatura facial quanto a da língua, porque a língua não sabe onde se colocar. Então a gente vai fazendo toda essa reabilitação até que a pessoa se sinta confortável e venha a falar normalmente.



quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ALFABETIZAÇÃO IMPOSTA

         A sociedade contemporânea está exigindo uma nova postura da escola e dos governos. A avalanche de informações promovida pela tecnologia colocou as crianças num mundo letrado que tem pressa de mudanças. Os governos, através de seus ministérios, ditaram as novas regras às escolas, que por sua vez tratam de alfabetizar os alunos mais cedo. Do outro lado, estão pais angustiados, vendo as crianças que não nem sempre conseguem acompanhar esta evolução.

            Um panfleto distribuído pelo Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia mostra o desenvolvimento da linguagem da criança. Vamos transcrever a partir dos três anos:

3 anos - É possível entender tudo o que a criança fala, mas às vezes ela conjuga errado. 
4 anos – Nesta idade a criança inventa histórias e compreende regras de jogos simples. 
5 anos – A criança consegue formar  frases completas e  já  se  expressa  corretamente. 
6 anos – Aprende a ler e a escrever.


           Luiz Vilanovas, entrevistado pela Folha de São Paulo, afirma que aos cinco anos é normal uma criança não ter desenvolvimento neurológico para a sistematização da linguagem escrita. Aos cinco ou seis anos também é normal a criança não ter maturação motora para uma escrita estável. Poderá, então, diante da cobrança escolar, perder a motivação, ficar estressada, além de se sentir inferior.


            Claudia Giroto, em seu livro, afirma que ler e escrever não se restringe a uma técnica de ensino, mas sim a uma nova modalidade de linguagem. Segundo ela o professor, um agente detector de problemas, muitas vezes atribui rótulos à criança com dificuldades escolares, baseando-se em suas expectativas e a responsabiliza pelo fracasso escolar.

             Segundo Vilanovas, há crianças que se desenvolvem um pouco antes ou um pouco depois e isso não significa uma maior ou menor capacidade intelectual e cognitiva. E se a escola acelera o processo, discriminando uma criança que não consegue alfabetizar, isso será bastante prejudicial.

             O resultado dessas mudanças pode ser visto em consultórios de terapia fonoaudiológica que tem recebido pais angustiados, querendo resolver problemas que ainda não são problemas em crianças mais lentas que vão chegar ao mesmo lugar, mas em tempos diferentes.  

             O papel das escolas, hoje, diante dos novos rumos da educação, é buscar  formas de trabalho para lidar com as crianças em seus diferentes ritmos de desenvolvimento.


Fontes: Livro - Perspectivas atuais da Fonoaudiologia na escola – Claudia R. Mosca Giroto    Folha de S.Paulo, 04/12/2008, entrevista c/Luis Pereira Vilanovas – Neurologia da Unifesp

domingo, 19 de janeiro de 2014

A Fonoaudiologia entra na era da tecnologia digital

É crescente o número de aplicativos e jogos de computador desenvolvidos para fins terapêuticos.
Nesse sentido a Fonoaudiologia vem sendo beneficiada com inúmeros aplicativos para várias possibilidades de exercícios para serem utilizados em terapias.
Esses jogos são ferramentas importantes na formação do fonoaudiólogo, permitem um leque maior de informações e proporcionam novas possibilidades de atuação no mercado de trabalho.
O Small Talk Dysphagia  foi desenvolvido para pacientes disfágicos ( alteração na deglutição).
São 50 frases que envolvem alimentação, tipo de dieta, líquidos, medicação, entre outros.  
Fonte: Rev. Comunicar - Ano XIII, nº 59 - out/dez de 2013.




domingo, 15 de dezembro de 2013

AUTOMEDICAÇÃO – UM HÁBITO BRASILEIRO


            A automedicação já é um hábito do brasileiro e está enraizado na cultura do país. Quando se trata de cuidados com a voz não é diferente. Um trabalho sobre hábitos de saúde vocal identificou o uso de sprays, mistura de mel com limão, chás caseiros, pastilhas e própolis. Outras pesquisas citadas neste trabalho apontaram índices altos de profissionais que se automedicam consumindo pastilhas, o que não é indicado em nenhum momento.
Nesta pesquisa de Juliana Rech e Cristiane Cervelli também os gargarejos foram mencionados pelos entrevistados, 30 atores e 30 cantores, de ambos os sexos e com idades que variaram de 21 a 59 anos. Eles afirmaram fazer uso do gargarejo ou com água e limão, vinagre, sal ou bicabornato.


Segundo a professora e fonoaudióloga Marta Assumpção de Andrada e Silva, no capítulo 10, sobre Saúde Vocal do livro Fundamentos em Fonoaudiologia – tratando os distúrbios da voz, 2003, a grande maioria das pessoas conhece um “bom medicamento” ou uma “boa receita caseira”. Andrada e Silva afirma que a grande maioria dos medicamentos causa alteração no trato vocal. Da mesma forma as receitas caseiras indicadas para melhorar a voz possuem, ainda, ação desconhecida para as pregas vocais, podendo, em determinados casos, apresentar efeitos secundários desfavoráveis.

Fonte: TCC – Hábitos de Saúde Vocal: comparação entre um grupo de atores e cantores profissionais de Juliana Rech e Cristiane Cervelli, 2010.  

domingo, 3 de novembro de 2013

Hábitos de saúde vocal


Uma pesquisa realizada com pessoas de 19 a 59 anos e que usam a voz de forma contínua e intensamente no desenvolvimento das atividades, demonstrou que esses profissionais nem sempre tomam os cuidados necessários para a manutenção do bem estar vocal.

Foi aplicado um questionário de identificação de hábitos de saúde vocal* em 60 pessoas de dois grupos: 30 atores que trabalham com teatro (adulto ou infantil) e 30 cantores de gêneros variados – MPB, samba, sertanejo, country e erudito.




Na foto atores que participaram da pesquisa: André Apolinário, Charlene Chagas e Ivo Tirone na apresentação da peça infantil Macaco Zebrado.   

 A maioria não era tabagista (mais de 80%), mas a ingestão alcoólica foi referida por mais de 50% dos entrevistados que fazem uso de diferentes tipos de bebidas. Também o uso de pastilhas ou sprays é um hábito entre eles (mais de 50%) e prevalece o uso de própolis.
A pesquisa indicou também que não usam gengibre ou mel como hábitos de saúde vocal. Já a maça é bastante consumida por mais de 80 por cento dos profissionais abordados neste trabalho. A grande maioria conhece os benefícios da fruta para as cordas vocais.
Tanto atores como cantores se preocupam com a hidratação, bebendo água regularmente.  Também fazem o aquecimento vocal antes do uso intenso da voz, indicando conhecimento e conscientização.  Eles citam os exercícios de vibração de língua, ressonância, respiração, escala vocal e trava língua.



          Na foto os atores Ednei Veiga e Juliana Rech. Peça infantil Bernardo e Bianca.
  
Já no universo dos professores e teleoperadores, de acordo com a literatura, o aquecimento vocal ainda não é um hábito, o que tem prejudicado muito esses profissionais da voz.
Entre os atores e cantores, a atividade de desaquecimento, depois do uso da voz, não é um hábito. Apenas uma pequena parcela dos entrevistados fazem os exercícios indicados para isso.
Observou-se ainda que ao perceberem alterações na voz, atores e cantores não procuram um fonoaudiólogo. Uma minoria toma a iniciativa de procurar profissionais da área médica, como por exemplo, um otorrino.  Eles fazem repouso vocal e preferem a automedicação.



                  Foto da atriz cantora Juliana Rech. Peça infantil Macaco Zebrado.

 Os cantores populares, especialmente, acreditam em terapias caseiras milagrosas como beber uns goles de bebidas destiladas antes de cantar para aquecer.  Há também muitos equívocos com relação ao uso de pastilhas, mel e gengibre para o bem estar vocal.
A pesquisa concluiu que, mesmo com resultados muito próximos, os atores possuem hábitos melhores que os cantores. O fato dos atores passarem por oficinas de teatro e cursos de artes cênicas enriquece este grupo. O ator recebe informações sobre saúde vocal e aprende técnicas, muitas vezes com a presença de um fonoaudiólogo.
Entre os cantores, com raras exceções, não existe a presença de um profissional da Fonoaudiologia, assim como não se faz um tratamento de prevenção a distúrbios da voz.

* Questionário de Identificação de hábitos de Saúde Vocal em Profissionais da Voz do Ambulatório de Hábitos Vocais da ISCMSP (Andrada e Silva, Duprat – 2010).
Fonte: Hábitos de Saúde Vocal: comparação entre um grupo de atores e cantores profissionais – TCC Trabalho de Conclusão de Curso de Juliana Rech e Cristiane 

sábado, 28 de setembro de 2013

                                                                   DISLEXIA

* Dislexia = do grego dis (distúrbio) + lexia (linguagem).

            A dislexia é um distúrbio neurológico que afeta a leitura e a escrita.
            Desde muito cedo é possível observar alguns sinais indicativos da dislexia, como por exemplo a dificuldade de coordenação motora para amarrar um calçado. Também as limitações para aprender a falar e andar devem ser considerados. Mais tarde esse distúrbio irá afetar a leitura e a escrita.
            Entretanto afirmam os especialistas em neurologia que fazer o diagnóstico não é simples. É preciso ter muito cuidado na avaliação que deve ser feita por uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais da fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, neurologia e muitas vezes da psiquiatria. É importante também a participação da família com informações e histórico do paciente.
            A  presença do fonoaudiólogo é fundamental, pois cabe a este profissional avaliar a capacidade do paciente em transpor a fala para a escrita e vice-versa, a atenção, a memória, organização espacial e compreensão auditiva.
            A troca de letras ou sílabas, vocabulário muito pobre, sobretudo na escrita e a dificuldade de leitura são características dos disléxicos. Essas pessoas não conseguem soletrar corretamente, trocam ou omitem letras e invertem sílabas. 
                   


            CEGUEIRA VERBAL
           
            A dislexia já foi chamada de cegueira verbal, devido às circunstância da sua descoberta. Em 1890, um paciente procurou um oftalmologista porque não conseguia ler. Mas segundo a avaliação do médico, a visão do paciente estava perfeitamente normal. Mais tarde foram encontradas evidências biológicas para esse distúrbio.
            O assunto é polêmico, entretanto na área médica permanecem algumas afirmações animadoras: a dislexia melhora com uma terapia adequada e estratégias de compensação. Programas de computador, corretores ortográficos podem auxiliar o disléxico a superar suas limitações. E na medida em que ultrapassam as barreiras podem ser brilhantes.


DISLÉXICO FAMOSO

            Tom Cruise - o ator supera suas dificuldades, decorando suas falas com auxílio de um gravador.
            Einstein - Acreditam os especialistas que o alemão Albert Einstein era disléxico, diante de algumas características como não falar até os 4 anos e não conseguir ler até os 9 anos. Mas ao se dedicar à física, Einstein causou uma verdadeira revolução, usando sua excepcional criatividade.





            COMO IDENTIFICAR A DISLEXIA

            a) Sinais antes da alfabetização:
           
            * Coordenação motora (grossa) - dificuldade para se vestir, fazer ginástica ou  chutar uma bola.
            * Coordenação motora (fina) - dificuldade para pintar dentro de um espaço delimitado por um desenho.
            * Montagem de quebra-cabeça - dificuldade para montagens, mesmo os mais  simples.
            * Atraso no desenvolvimento da fala.
            * Dificuldade em decorar músicas.
            * Confusão entre esquerda e direita.

            b) Sinais na idade escolar:
           
            * Troca de letras com "B" pelo "D"
            * Letra quase ilegível.
            * Omissão de letras nas palavras.
            * Dificuldade para decorar as letras do alfabeto ou a tabuada.
            * Déficit de memória: não consegue gravar números. Ex: de telefone.
            * Dificuldade em pronunciar palavras longas. Ex: paralelepípedo.
            * Vocabulário pobre para a idade.
            * Ótimo desempenho em provas orais, não compatível com as notas baixas das provas escritas.


            TRATAMENTO
           
            O tratamento não é feito com remédios e sim através do aprendizado. Esse processo irá auxiliar a criança a desenvolver estratégias para superar as dificuldades uma vez que não há possibilidade de cura. Mesmo assim os disléxicos entram na universidade e se realizam profissionalmente por terem excelente memória auditiva e visual e o intelecto normal.

Fontes:
Revista Comunicar - 2012
Revista Galileu - ago 1999
Revista Quanta - 2012